segunda-feira, 11 de março de 2019

Quantos Bernardos morrerão num trânsito que nega afeto?


       Ler o que a imprensa divulga sobre os requintes de crueldade, torpeza e premeditação para assassinar o menino Bernardo, faz rolar lágrimas até nas faces mais cobertas de pedra! Impossível não sentir um aperto no peito! Impossível não sentir vontade de abraçá-lo, acariciar seu rosto e diminuir a dor e a tristeza em seu coração.
      Pensar sobre a morte dele faz imaginar sobre a dureza dos corações que matam jovens e crianças, para cobranças de dívida, determinadas por traficantes de drogas, bem como dos condutores que insistem em desobedecer as normas de segurança do trânsito e com isso ceifam vidas inocentes.
      Segundo o Ministério da Saúde, em 2011, 463 crianças morreram e 1.374 foram internadas em consequência de acidentes como passageiras de veículos, mais 692 crianças de zero a 14 anos de idade morreram vítimas de atropelamento no trânsito, também  em 2011, no Brasil. A maior parte dos atropelamentos no trânsito envolvendo crianças acontece, inacreditavelmente perto das escolas, onde o condutor tem obrigações bem maiores com a segurança.
     Que nunca ouviu relatos sobre pessoas fazendo exibicionismo em via pública e com esse comportamento ter matado uma criança atropelada, algumas vezes até na faixa de segurança ou em frente à escolas, sabendo que crianças circulam no local?
      Aquele que mesmo sabendo sobre os riscos de ultrapassar num local sem visibilidade insiste e mata uma família, age diferentemente de quem tirou o sorriso, o brilho dos olhos, os sonhos e a vida de Bernardo?
      Aqueles que insistem em dizer que “o cinto matou pessoas”, que “depois que tomo cerveja dirijo bem” e que “velocidade não provoca acidente”, colaboram para evitar a morte dos Bernardos no trânsito?
       Aquele que na condição de responsável pelo trânsito de um órgão exime-se de executar a sua função da melhor maneira, dentro das suas possibilidades e seus meios, para evitar sinistros de trânsito, protegeria Bernardo.
      Aquele que omite-se de educar da melhor forma o cidadão para conduzir seu veículo com segurança e de forma respeitosa com os direitos da coletividade, protegeria Bernardo?
      Aquele que dá mau exemplo ao filho enquanto conduz o veículo, protege os Bernardos no trânsito?
     O Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9503/97), que no parágrafo único do art. 320, estabelece que  apenas o percentual de 5%  do valor das multas de trânsito arrecadadas, será depositado mensalmente, na conta de fundo de âmbito nacional destinado à segurança e educação de trânsito, protege os Bernardos do trânsito?
      Alguns setores que privilegiam a divulgação sensacionalista de acidentes e omitem-se de realizar e divulgar mais as campanhas educativas realizadas por órgãos ou omitem-se de criar campanhas educativas continuadas, protegem os Bernardos que são assassinados no trânsito?
      Aqueles que numa obra ligada ao trânsito, privilegiam o desvio de verbas e da corrupção em prejuízo da segurança, protegeriam Bernardo?
      Felizmente existem agentes de trânsito, gestores, educadores, instrutores, engenheiros, empresários, jornalistas, policiais, pais, órgãos de imprensa, gestores e muitos anônimos que protegeriam Bernardos, e são a maioria, mas muitos Bernardos morrerão por causa da omissão, da despreocupação, da resistência às normas de trânsito, da corrupção, da preguiça e da falta de amor e respeito à vida no trânsito brasileiro!
Lauro Pedot
1°Ten RR e consultor de Trânsito

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